quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Desfile de mulheres bonitas é a marca do Salão


Modelos embelezam o evento, mas precisam lidar com o assédio masculino

O marido da dançarina Rúbia Barcelos ficou um pouco preocupado quando soube que a mulher iria trabalhar no Salão do Automóvel. Pudera: além de todo o assédio da multidão masculina, Rúbia – uma loira voluptuosa, com um decote de proporções avançadas – iria trabalhar no estande da fabricante cujo nome é um verdadeiro convite aos trocadilhos: Chana."Já cansei de ouvir piadas, todas ruins, nem dá para falar", diz Rúbia, enquanto um marmanjo típico do Salão pede para tirar uma foto com ela. "Deixo sim, só não pode ficar encostando". Manter distância, porém, às vezes é impossível: em muitos estandes com garotas mais 'receptivas', sobram mãos na cintura, leves apertos, coisas que algumas das moças não toleram.Vestida com uma saia de tamanho micro, Bruna Bizari já consegue até categorizar os visitantes. "Os jovens são mais babões, previsíveis. Os velhos são mais safados, chegam com propostas mesmo", explica. E não adianta as garotas fazerem cara feia toda vez que se toca no assunto: muitos homens ainda acham que as modelos estão lá para outras atividades.Barraco no SalãoNo último sábado, o assédio gerou uma situação perigosa: uma menina teve a saia levantada por um bando de garotões, provavelmente um pouco bêbados – o consumo de álcool é liberado em todo o Salão. Por causa disso, algumas meninas passaram a ir ao banheiro acompanhadas durante o resto do final de semana. Para encarar todos esses perrengues, o pagamento é variado, e vai de R$ 160 a R$ 400 por dia. A diferença fica por conta do contratante, da agência e do, digamos, "valor de mercado" da modelo. Há até atendentes bilíngues, e a grande maioria passa por um treinamento para falar sobre o seu carro.As moças trabalham de 8 a 10 horas por dia, a maioria de pé. "Tem estande que não deixa as meninas comerem, nem sentarem", diz Anna Moraes. "É o maior evento para nós, e um dos que pagam melhor", afirma Juliana Salieni, no estande da Ford. "E como todas as meninas já se conhecem, fica divertido, a gente encontra amigas que de outro jeito nunca conseguimos ver", diz Tatiana Coluci, da Chevrolet.

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